segunda-feira, 30 de maio de 2011

Quem sou eu?



Andréa para os que me conhecem de longe..
para o RG, para as coisas sérias, documentações e e registros.
Sou a Déa dos amigos, dos alunos, dos colegas, do mundo virtual.
Sou polaca pra família, polaca dos primos que cresceram comigo, a polaca de olhos azuis que se transformaram em esmeraldas azul- esverdeadas e cabelos mel com mechas loiríssimas completamente fora de lugar e padrão..
polaca de meia pataca, onde cabelos e olhos se mesclaram no azul do céu e verde do mar e no amarelo do trigo e do castanho dos galhos.
Sou a Déa bosta véia do meu tio que agora está com Deus.
Sou a menina do:- “Vôôô!!!”  - “pode ir, tchau” , a menina do seu Ozires, do vô-pai, do amor calado, do maior amor do mundo que reside entre nós ainda em sonhos.Ele de lá do céu cuidando da menina que não sabia falar estacionamento aqui da Terra.
E agora ele merece um bom tanto do que eu sou, talvez fuja um pouco do tema, mesmo sem fugir, pois ele é parte de mim, do meu ser.
Eu sou a Déa do vô, que lia histórias do Chico Bento pra mim, que me ensinou a ler encantando-me com as peripécias do caipirinha e que sorrindo espantou-se de ver a neta aprender a ler sozinha uma noite na sua casa de praia juntando as sílabas dos balõezinhos coloridos acima dos personagens da roça.
Sou a Déa do Chiru, como ele era apelidado, que o fez decorar as falas dos desenhos que assistia enquanto ele trabalhava na sua marcenaria.
Sou a Déa bibliotecária que brincava de gente grande com os livros incontáveis que ele sempre organizava e talvez daí venha a Déa dos livros, mas isso é mais pra frente.
Sou a neta que era filha, a Déa que sente saudades, a Déa que sonha com ele sempre quando algo acontece, ou de muita felicidade, ou de muita tristeza, a Déa que lembra dos olhos dele, das trovas que ensinava, A Déa que dizia “Gorigobodi a missa” ( do Garibaldo foi a missa, com cavalo sem espora, o cavalo tropeçou, Garibaldo pulou fora)
É, essa sou eu, a Déa atrapalhada desde pequena, criativa, sonhadora e inventora de palavras novas...
a Déa do “namento” quando o vô insistia em querer que eu falasse estacionamento.
Sou a Déa que contava a ele histórias da África enquanto ele dormia despedindo-se da vida e que com certeza mesmo naquele sono induzido seu batimento e pressão elevados diziam –me que ele estava se refestelando com a viagem da neta...
pois eu sou viagem e ele também era.
Eu sou a Déa do vô Ozires, não tem como negar, muito de mim é dele.
E até hoje, eu sou a Déa que procura força naquele olhar que vem em sonhos, olhar de pai, terno, e as vezes triste e preocupado mas que nunca me abandona.
Eu sou Andréa, nome sugerido por um sonho da minha mãe que acordou um dia falando “Andréa, sai daí senão você cai” e daí saiu meu nome e minha herança linda do que eu mais admiro nessa mulher que me deu a vida: a fortaleza de coração, a fragilidade do mesmo, o amor pela escrita, o dom da palavra, ser beatlemaníaca.
Eu também sou a Déa da mãe.  
Eu sou anos 80, 70, 60, 50, 30, 20, sou de séculos passados, não sou século XXI.
Sou Beatles, Sou John Lennon e sua música Imagine.
Sou Dire Straits e A-há, graças ao tio-padrinho-pai que me fazia dançar com os pés no berço ao som dos altos anos 80.
Eu sou a Déa sem pai de esperma, sou a Déa de pai de amor, melhor, pais de amor, de dois pais que me supriram toda a falta do espermatozóide.
Sou a Déa de dois pais, de muito amor, mas sou a Déa da rejeição, do temor pela tal rejeição.
Eu sou medo, medo de abandono, de solidão, de rejeição embora seja a mais fiel crença no amor mágico,ideal, fiel, leal, eterno. Sou contraditória, muito contraditória nisso.
Sou medo de nunca encontrar esse amor que tão fielmente creio.... engraçado, no mínimo.
Sou sonho, imaginação, sonho, sonho, sonho, sonho, sou um mar de sonhos, talvez eu até seja um próprio sonho.
Não sou realidade. Detesto realidade de pés no chão.
Não sou “ O mundo é assim, o país é assim, os homens são assim e ponto”
Eu sou “ O mundo pode ser, o país pode ser, os homens podem ser”.
Sou conto de fadas, sou cor de rosa, sou esperança, sou crença, não sou ceticismo nem praticidade, sou sonho e sonho e mais uma vez sonho.
Sou um mundo melhor, sou pessoas mais humanas, sou carinho, sou mimo, não sou desse mundo com certeza.
Sou filha amada de Deus, seguidora fiel de Jesus, não sou religião, sou fé.
Sou teoria, não prática.
Sou letras, palavras, textos, poesia, muita poesia, sou alma de poeta, e como toda poesia também sou melancolia.
Nada de números e coisas exatas, sou calculadora não cálculo, não me acerto com a exatidão matemática, mas sim com a subjetividade dos sentidos, das emoções.
Sou escritora, escrevo quando o coração não agüenta mais segurar lá dentro algo que pulsa em tornar-se palavras, sou pulsação...
sou sangue correndo nas veias, sou pelos eriçados na pele, sou carne viva, livro aberto, previsível, mas não por isso constante.
Sou leitora, sou livros, sou páginas repletas de letras que formam palavras que se costuram em texto que se entremeiam, que se tornam história e estória, que se tornam vida, magia, sentimento, sonho.
Talvez por isso seja tão confusa.
Sim, sou confusão, instabilidade, vulnerabilidade, mas sempre a mesma confusão, a mesma instabilidade, a mesma vulnerabilidade.
Sou livros, sou amor por livros, sou literatura. Já disse que sou livros? Sou e muito, sou livros complexos, livros filosóficos, psicológicos, e Best Sellers fáceis de ler.
Sou complexa em sentimentos mas facilmente lida. Quem me conhece sabe tudo, me tem nas mãos, não sou jogo, nem segredo, sou alma aberta, sou desejo.
Sou Gabriel Garcia Marquez, contadora de histórias, imaginativa, criativa, cheia de borbulhantes estórias inventadas por mim mesma tendo a mim como personagem vivendo as mais incríveis situações.
Sou Alice no país das maravilhas, ahhh como sou Alice, uma menina descobrindo o mundo, um mundo de loucos, uma curiosa que se descobre também louca na sua vasta imaginação.
Sou Manuel Bandeira e seu poema novelo de lã.
Sou Machado de Assis, sou conversa, falo demais, e alto e rio alto, converso com meu leitor.
Sou Machado, sou romântica, melhor, sou romântica elevada a potência do número de obras que Machado escreveu em sua vida.
Sou Jane Austen, sou suas personagens sempre com final feliz, sou ela que escreve sempre crendo no amor, sou uma romântica incurável como são suas obras.
Sou George Orwell, indignada, revolucionária, militante, sou a que quer mudar o mundo sozinha, a que expressa uma indignação contra a sociedade atual que chega a doer no peito de tão forte.
Eu sou dor, sou as dores do mundo, e dói doer o mundo, sangra, machuca, cria lágrimas, cria feridas.
Sou chorona, sou emoção, jamais razão.
Sou medrosa, sou calma, não aventura, não sou correr grandes riscos.
Sou bolha de sabão, translúcida, quem me vê me atravessa, me vê por dentro, sou colorida, mas intensamente rosa.
Sou sonho, rosa, antiquada, não sou desse século, já falei isso? É sempre bom repetir aquilo que mais pulsa lá dentro.
Sou antiquada, careta, cdf, aluna exemplar.
Não sou bar, sou café, não sou balada, sou filme embaixo das cobertas.
De bebida, sou sucos naturais, água em abundância, Milk-shakes, chocolate quente e café, muito café com creme, não sou cerveja, nem destilado, sou drinks doces e vinho em ocasiões especiais.
Não sou cigarro, sou ar puro.
Não sou pegação, sou amor.
Não sou boca e língua, sou beijo.
Não sou vagina e pênis, sou amor com muita paixão.
Sou natureza, cidade pequena, calma, tranqüilidade, paz.
Não sou grandes metrópoles, à exceção de Paris, pois definitivamente sou Paris.
Sou cidades aconchegantes com muito verde.
Sou França, Grécia, Rússia, e sou África, mãe África.
Sou mais bicho que planta, mais flor que verde, mais verdura que fruta.
Sou margarida mais que rosa.
Sou bicho, bicho e bicho e bicho, sou cheiro de esterco na grama, sou vaca leiteira, sou relinchar de cavalo, sou a mão escorregando na crina e apertando os lábios do eqüino encantador.
Sou cachorro mais que gato, mas gosto de gato.
Gosto de bicho.
Sou animal, sou elefoa com orelhas grandes aveludadas, sou filhotes, sou girafa tentando equilibrar-se para beber água, sou peixe que brinca na água, sou pássaro em cima de um ruminante.
Não sou vôo, sou nado.
Não sou terra, nem fogo, sou ar e água.
Sou verão, calor, sol, vida, sou disparada uma estação definida, fixa, forte, quente.
Sou água de coco na beira da praia, sou lagarto tomando sol.
Sou Clarissa, a menina de Érico Veríssimo...
Sou Clarice, a Lispector da complexidade humana...
Sou a melhor amiga do principezinho, sou completamente Saint-Exupéry!
Sou princesa, princesinha, já sou chamada por alguns amigos de princesinha, pois sou delicadeza, renda, pérola, saia e vestido rodado, costumes antigos, roupas cheirosas, perfumes doces,e rosa, muito cor de rosa e flores nas roupas.
Sou simplicidade, não soberba, sou humildade e nunca orgulho, e não pense que me orgulho disso, um pouco do tal orgulho não faz mal a ninguém.
Sou sim, não consigo ser não, nem quando devo.
Sou insegura, ciumenta, possessiva, não com a matéria, mas com pessoas, e cá está novamente o medo da rejeição e do abandono.
Sou perfeccionista, sou dormir muito, sou preguiça, ao mesmo tempo sou mil coisas pra fazer.
Sou responsável demais, não gosto disso.
Sou carrasca de mim, não sou muito minha amiga.
Sou bonita, não linda, sou esbelta, não curvilínea. Sou cabelo liso, queria ser cacheado.
Sou vulnerável à opinião dos outros, não sei dizer não.
Sou mais doce que salgado, embora coma mais salgado que doce.
Sou mel, sou calda de chocolate, sou sorvete de creme batido com leite, sou bezerra, tomo muito leite, e se tirado na hora, melhor então.
Sou mais peixe que carne, sou mais massa que arroz.
Sou mais chocolate preto que branco, mais amargo que ao leite.
Sou Jack Nicholson com certeza absoluta, também sou Toni Ramos, Dustin Hoffman, Al Pacino, De Niro.
Ah sou disparada Audrey Hepburn, Audrey Hepburn e mais mil vezes Audrey Hepburn.
Sou uns 10% Elizabeth Taylor.
Sou filmes dos anos 80, filmes da Molly Ringwald, filmes clássicos, épicos, nem listo nomes senão isto vai se tornar um guia de filmes antigos.
Sou Cleópatra, sou Bonequinha de Luxo mas muito mais que tudo sou Sabrina ( a versão de Audrey, é claro)
Sou fotografia, arte, cinema, literatura, música.
Não sou rock, nem modinhas, muito menos pagode e sertanejo.
Definitivamente não sou heavy metal nem funk.
Sou família, sou cama e mesa, sou enxoval, sou vestido de noiva com flores pequenas bordadas a mão, sou casamento, sou gravidez, sou barriga crescendo, sou criar filhos.
Sou desenho, comédia, romance, clássicos.
Não sou terror, ação nem violência.
Sou choro, rosa, sonho, século passado, hipersensível, Beatles, Audrey, Machado, calma, família, amor,bicho,renda, doce.
Sou Déa

O príncipe encantado





Esse tema foi para mim algo interessantíssimo, pois cresci como uma garota sonhadora cujo maior desejo do mundo sempre foi encontrar o homem da sua vida, ter filhos e cuidar da família. Nunca tive grandes ambições profissionais e isso não significa que sou estagnada não. Quando falo em grande ambição profissional digo em termos de me imaginar no futuro uma grande empresária que trabalhará das 8:00 as 22:00 ganhando um salário excelente, tendo reconhecimento pelo meu sucesso, usando roupas de grife e viajando pelo mundo a negócios. Realmente, esse não é meu ideal de felicidade, longe disso.
Meu ideal de felicidade, já que estamos falando de ideais (homem ideal – o príncipe encantado, no caso) é encontrar um bom homem que me faça feliz, ter uma casinha confortável, cuidar das minhas crianças,ler para elas antes de dormir, levá-las na escola, preparar uma comida gostosa e sair trabalhar em algo que me traga satisfação pessoal e felicidade. Chegar à noite em casa e mesmo em meio a bagunça das crianças, o cansaço meu e de meu marido, deitar na cama e agradecer a Deus por ser feliz e estar fazendo diferença na vida dos que me cercam, enchendo eles de amor.
Sim, sou antiquada. Nesse ponto sou bem antiquada e até certo ponto, dependendo do ângulo pelo qual se olha meu sonho ideal, sou até anti-feminista. Nada disso, sou feminista sim, mas uma militante ciente do que quer para si e das diferenças entre homens e mulheres, as reais diferenças, não as vulgarizadas como desculpas para falhas.
Para mim não existe príncipe encantado mesmo. Doeu descobrir isso lá pelos meus 20 e poucos anos e agora cada vez tenho mais certeza que esse ser não existe além das páginas dos contos de fada e dos romances de Jane Austen. Aliás, Jane Austen desenha em seus romances príncipes encantados que não são príncipes e sim homens ideais que qualquer mulher sonharia em ter ao lado, mas sinto dizer,eles também não existem.
Foi um momento de decepção mesmo na minha vida descobrir que o ideal não existe, pois eu sou, na definição de alguns vários amigos e amigas que me conhecem desde a infância, uma princesinha. Amo cor de rosa, maquiagem, vestidos florais, bichos de pelúcia, cartas, recito poesias, falo poesias sozinha pra mim mesma, amo escrever e choro ao ver filmes tanto de romances felizes como aqueles que falham ao extremo. Sou completamente hipersensível e chorona e meio frágil como boneca de porcelana derramando lágrimas pelo mínimo conflito, mas sou forte como uma aliá (perdão, mas um touro não expressaria todo meu amor a família dos elefantes)
Bem, depois de ter descoberto a realidade de que nenhum personagem da Jane Austen ou príncipe dos contos bateria na minha porta e me levaria diante de Deus para abençoar nosso casório, resolvi encarar a vida com uma dose mais alta de realidade. Principalmente hoje, onde os homens,infelizmente por culpa até de algumas mulheres que confundiram nossa liberdade com libertinagem total, não respeitam nem consideram muito sentimentos e lágrimas de uma mulher.
Leitora assídua de romances épicos e filmes antigos,vejo a diferença no tratamento com as mulheres de 1940 pra cá. Coisas simples como proteger da chuva, abrir a porta do carro, tratar com respeito, sem dirigir-se à ela como cara, mano, velho e afins, a delicadeza nos gestos, viraram todos motivos de riso, hoje em dia isso não é coisa de macho. Macho é aquele que trata a pontapé e se você não gostar, azar, arranja outra.
Pois é, com toda essa água fria em cima da princesinha sonhadora ela tornou-se uma mulher realista que tem um conceito de príncipe encantado propriamente dela, propriamente meu e que para mim nada tem de machista e sim muito feminista equilibrada,que sabe até que ponto as diferenças homem – mulher se completam e não invadem o espaço e/ou direito um do outro.
Meu príncipe encantado é um homem forte de caráter, com uma fé inabalável em Deus, que trabalha feliz sabendo de sua missão no mundo, respeitador, que sabe ser gentil sem se achar fraco, que sabe amar sem se achar tolo, que sabe se guardar sem se achar idiota perante os amigos, que sabe controlar seus impulsos em prol da mulher amada, que sabe amá-la e ouví-la, que sustenta a casa e a família com a dignidade de um homem que sabe sua importância na construção da fundação da família, um homem que sabe conversar e discutir sem gritar, bater porta, xingar, falar ofensas a mulher que ama. Um homem que honra sua esposa, é fiel à ela, pois sabe a importância que ela tem, que ama seus filhos e brinca com eles, que tem momentos de família reunida e realmente gosta deles, que quer ter momentos com a esposa para namorar, que nunca esquece de conquistar dia após dia. Um homem que sabe que ser homem é cuidar, é prover,pois assim ele terá a fidelidade de uma mulher que o admirará, que cuidará de tudo pra ele na casa, que o receberá com um sorriso no rosto quando chegar do trabalho, que irá ouvi-lo nas dificuldades, que dará a força que só a mulher sabe dar ao homem quando ele perece, que sustentará a fé dele e lhe dará filhos e cuidará dos pequenos para que ele tenha orgulho de sua prole. Um homem assim terá ao lado dele uma mulher que o respeitará e o tratará como um príncipe encantado e ele terá nela uma princesa. Sem joguinhos, simplesmente serão pelo Amor. Meu felizes para sempre não é um conto de fadas, é um conto de homem e mulher e uma vida em comum.